Sugestão de Leitura | Gestão de carreira no mundo disruptivo: Como liderar a própria evolução

Em parceria com:

Published on October 14, 2025

Por Mariana Branquinho da FonsecaSenior Client Partner & Country Chair Portugal da Korn Ferry e responsável da estratégia Engaging All da PWN Lisbon


As carreiras actuais já não seguem trajectórias lineares, são antes um percurso em constante evolução. E o ponto de partida é a clareza de objectivos: compreender o que se pretende alcançar e quais as motivações que sustentam essa escolha.


Vivemos actualmente num mercado altamente competitivo, dinâmico e marcado pela imprevisibilidade, onde a inovação e a mudança são constantes. Entre as forças que mais têm acelerado esta transformação destaca-se a inteligência artificial (IA). A sua aplicação crescente em diversos sectores já está a automatizar tarefas e até a substituir algumas funções, obrigando profissionais e organizações a repensarem os seus papéis e modelos de trabalho.

Neste cenário, quem não procura aprender e actualizar-se de forma contínua corre inevitavelmente o risco de se tornar irrelevante e desactualizado. Paralelamente, as empresas enfrentam uma pressão crescente por resultados. O nível de exigência é cada vez mais elevado e, para que um profissional se mantenha relevante, é fundamental que seja capaz não apenas de entregar resultados, mas também de acrescentar valor de forma consistente.

A gestão de carreira, neste contexto, assume-se como uma preocupação central e, ao mesmo tempo, um grande desafio. As carreiras actuais já não seguem trajectórias lineares; assemelham-se antes a uma jornada, um percurso em constante evolução, que exige preparação e resiliência para enfrentar os obstáculos que inevitavelmente surgem.

O ponto de partida é a clareza de objectivos: compreender o que se pretende alcançar e quais as motivações que sustentam essa escolha. Este processo requer ambição, vontade de evoluir, energia e coragem para colocar em prática o plano definido. Importa sublinhar que esse plano não deve ser rígido, mas sim um guia flexível, sujeito a ajustes ao longo do caminho, acompanhando a evolução pessoal e profissional.

Desenhar esse plano implica reflexão e visão de médio prazo, com honestidade perante si próprio, disponibilidade para sair da zona de conforto e abertura para explorar limites e capacidades. Acima de tudo, exige coragem: fazer escolhas alinhadas com o que realmente importa para si, e não só com aquilo que enriquece um currículo ou corresponde às expectativas dos outros.

O desenvolvimento profissional deve ser contínuo e conjugar duas dimensões complementares: a técnica, relacionada com a actualização de conhecimentos e competências específicas da actividade; e a pessoal, ligada ao autoconhecimento, à gestão emocional, à resiliência, à confiança, ao foco e à capacidade de relacionamento.

O impacto da IA reforça ainda mais esta dualidade. Funções mais rotineiras e repetitivas tendem a ser automatizadas, mas ao mesmo tempo abrem espaço para novas oportunidades, que exigem pensamento crítico, criatividade, adaptabilidade e competências relacionais – precisamente aquelas em que o factor humano se distingue.

São estas competências soft que sustentam a evolução e o sucesso na carreira. Identificar o que distingue cada profissional – aquilo em que se destaca e que valor acrescenta – é determinante. Esse valor é o que gera oportunidades, mas é indispensável adoptar uma postura proactiva, procurando experiências, aprendizagens e desafios que alimentem o crescimento. Num mercado que não tolera inércia nem conformismo, é essencial estar atento às tendências, compreender como a tecnologia, a IA e outros factores impactam a sua área de actuação, desenvolver uma rede de contactos sólida e investir em networking. Estes elementos não só ampliam horizontes e promovem novas perspectivas, como contribuem para a construção de um perfil profissional mais completo e robusto.

Outro factor com forte impacto nas carreiras é a longevidade. O aumento da esperança de vida coloca a questão: o que fazer quando o trabalho deixar de ocupar o dia e de estimular a mente? Mais uma vez, o planeamento assume relevância. Desenvolver interesses e actividades alternativas é fundamental para garantir estímulo intelectual e satisfação pessoal numa nova etapa da vida.

Assim como a longevidade, também a IA será um elemento transformador profundo. Saber adaptar-se às funções que desaparecem, mas sobretudo preparar-se para aquelas que estão a emergir, será um diferencial crítico para garantir relevância e impacto profissional no futuro. Nesta jornada, ter um plano B para enfrentar imprevistos torna-se igualmente essencial, não apenas como salvaguarda, mas como estratégia de flexibilidade e resiliência perante um cenário em constante mudança.

Acima de tudo, é importante ter consciência de que a carreira é uma responsabilidade individual. O percurso profissional depende essencialmente das decisões que se tomam – ou que se deixam de tomar. Cabe a cada um assumir a autoria do seu próprio caminho, construindo uma trajectória alinhada com os seus valores, objectivos e propósito.


Este artigo foi publicado na edição de Setembro (nº. 177) da Human Resources

Pode comprar nas bancas. Ou, caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.