Sugestão de Leitura | Inovação nas PME: do desafio à oportunidade

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Published on October 2, 2025

Por Ana Almeida Simoes, diretora de Inovação, Funds & Grants e Corporate VC do Grupo Brisa e Voluntária do programa de mentoring da PWN Lisbon.

Neste artigo, intitulado “Inovação nas PME: do desafio à oportunidade” a autora reflecte sobre a importância da inovação nas empresas, independentemente do seu tamanho, onde nem sempre é exigido grandes investimentos e muitas vezes pequenas mudanças podem ter grande impacto.


Não existem empresas pequenas demais para inovar. É isto, se parar de ler agora, já leu o que realmente importa reter deste texto!

Durante muito tempo, a palavra “inovação” parecia reservada a grandes multinacionais com departamentos de Investigação e Desenvolvimento ou a startups de tecnologia que se transformam em unicórnios ou vivem em mundos longínquos como Silicon Valley. Mas a realidade mudou, e inovar é, acima de tudo, uma questão de sobrevivência e de crescimento sustentável, independentemente do tamanho ou localização da empresa.

E quando falo de inovação, não me refiro apenas à criação de novos produtos tecnológicos. Inovar é também encontrar formas mais ágeis de trabalhar, melhorar a experiência do cliente, desenvolver novos modelos de negócio ou até repensar processos internos para ganhar eficiência.

Num mercado cada vez mais competitivo, as PME enfrentam margens curtas e uma necessidade constante de se diferenciarem. No entanto, possuem uma vantagem clara, a sua proximidade com os clientes. Uma PME tem a capacidade de ouvir, testar e adaptar-se mais rapidamente do que uma grande organização e essa agilidade pode ser transformada em vantagem competitiva.

Além disso, a inovação é um fator de resiliência. Vimos isso durante a pandemia da Covid-19, em que empresas que conseguiram adaptar-se rapidamente, digitalizando serviços, repensando canais de distribuição ou criando novos produtos, foram as que melhor resistiram. O mesmo acontece agora com os grandes desafios da transição energética e da transformação digital.

Apesar de todos os benefícios, inovar numa PME não é simples. Há obstáculos comuns, mas reconhecê-los é o primeiro passo para os ultrapassar. Muitas vezes a falta de tempo e de recursos impede que se pense para além da operação diária.e a cultura de aversão ao risco leva a adiar decisões inovadoras por medo de falhar. Acresce a estes, a dificuldade em atrair talento especializado, numa altura em que os perfis digitais e tecnológicos são muito disputados. E por fim há ainda o isolamento, muitas PME não têm ligação a ecossistemas de inovação, universidades ou incubadoras que poderiam trazer novas ideias e oportunidades de colaboração. Essa ausência de rede pode até gerar um sentimento de solidão nos empresários.

A boa notícia é que inovar não exige sempre grandes investimentos e muitas vezes pequenas mudanças podem ter grande impacto. Uma forma eficaz de começar é apostar em projetos de pequena escala, como testar um novo serviço, redesenhar um processo ou lançar um piloto rápido antes de apostar em larga escala. Também é fundamental ouvir clientes e colaboradores, porque muitas das melhores ideias surgem de quem está no terreno. Criar espaço para a tentativa e erro, sem medo de falhar, permite que apareçam soluções diferenciadoras. As parcerias são igualmente importantes, recorrer a redes de incubadoras, aceleradoras ou associações empresariais abre portas a novas experiências e à co-criação de soluções. Finalmente, importa não esquecer os programas nacionais e fundos europeus especificamente pensados para apoiar a inovação em PME.

Em Portugal, já existem inúmeros casos de PME que mostram que a inovação está ao alcance de todos. Desde pequenas empresas industriais que digitalizaram processos e conseguiram aumentar a produtividade, até negócios tradicionais que criaram canais online e conquistaram novos mercados. Encontramos também exemplos de empresas que apostaram na sustentabilidade, integrando práticas de economia circular ou de eficiência energética, e que com isso não só reduziram custos como criaram novos argumentos de venda. Outras conseguiram ligar-se a universidades e startups e cocriar produtos e serviços que dificilmente seriam possíveis de forma isolada.

Um dos grandes desafios para muitas destas empresas continua a ser o isolamento. Falta de ligação a ecossistemas, universidades ou parceiros que possam acelerar o crescimento e trazer novas ideias. É aqui que redes como a PWN (Professional Women’s Network) fazem a diferença, ao mostrarem que a partilha de experiências, a mentoria e a ligação entre profissionais criam novas oportunidades. Para mulheres que lideram ou trabalham em PME, ter acesso a este tipo de rede é uma forma de combater a solidão, reforçar competências e ganhar escala. Afinal, inovar também é criar pontes.

A inovação não é um luxo reservado a alguns. É um músculo que se treina todos os dias e que vai definir o futuro das empresas. Num mundo em constante transformação, as empresas que conseguem transformar desafios em oportunidades são as que vão prosperar.

Por isso, a melhor altura para começar a inovar é agora, seja qual for o tamanho da empresa. E a próxima grande ideia que fará a diferença na economia portuguesa pode estar dentro da sua PME.


Este artigo faz parte de uma parceria editorial estabelecida entre a PME Magazine e a PWN Lisbon. 

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